quinta-feira, 29 de abril de 2010

O ponto

Olho por lado e vejo aquela foto desbotada do retrato do tempo outrora vivido. Desde aquele dia que deixe aquela casa de cor, amarela, verde ou seria amarelo queimado? Já nem sei mais. Desde aquele dia mudei o ponto. O ponto da vida, dos sentidos. Seria um ponto de vista ou vista de um ponto? Hoje vejo que estou atravessando a tênue linha da cegueira e da visão. ”Não vejo nada e que eu vejo não me agrada”. Às vezes tento imaginar os jardins suspensos da Babilônia e sua Torre de Babel. Tento entende o compasso da vida nesse ritmo descompassado. Empresta-me seus olhos? Estou cansada dessa visão míope. Deixe-me ver o mundo com seus olhos, talvez tenha mais brilho. Mostre o sentido, dos seus sentidos. Eu já não sinto nada, embora as vezes tenho a sensação de sentir tudo. Sinto náusea, dor cabeça. Acho que enjoei do mundo. Não que o mundo não preste, mas os meus olhos, esse olhar viciado. Quero outro ponto de Vista. Ou seria outra Vista de um mesmo Ponto?
- Hei moço, moço, por favor, pare esse trem! Eu quero descer!
_ Mas já? Você não vai esperar chegar ao seu destino?
- Não tenho destino, tenho escolhas e cada minuto faço minha história!
- Mas você sabe o caminho?
- Existe caminho? Ou existem caminhos? Quer saber, há muito tempo me perdi. Então já não me importo onde vou chegar o que importar e caminhar

quinta-feira, 18 de março de 2010

Pertencer

Nenhum lugar me pertence ou será que não pertenço a lugar algum? O corpo é um estado perene, com data marcada de sua autodestruição. E a alma? Como pode um algo tão sublime habitar algo tão perecível: o corpo? Tem gente que passa a vida toda procurando uma couraça para se sentir protegido das adversidades: do mundo, do medo, da dor, da solidão, da alegrias e das mazelas da vida. Às vezes me pergunto, todos nós somos assim? Procuramos a estabilidade, financeira, estabilidade emocional, estabilidade amorosa, para alcançarmos o que muitas pessoas chamam de rotina de vida, ou de tal felicidade. Não seria a felicidade também um estado de espírito?E assim, procuramos ser aceito desde a infância queremos que os nossos primos nos aceitem, queremos, quando criança na pré-escola ser aceito pelas crianças maiores.Quando na adolescência queremos ser aceito,nos grupos, queremos pertencer à um grupo, queremos ser aceitos pelas meninos ou meninas mais bonitas da escola. Na universidade queremos ser aceitos pelos colegas e professores. Depois, queremos, aceito pelos colegas de trabalho. Ser aceito pelos parceiros amorosos, e assim seguimos a vida, sempre querendo pertencer... Quando na verdade não pertencemos a nada nem ninguém, nem a lugar algum se não a nos mesmos.

terça-feira, 2 de março de 2010

Companheira

Às vezes ela vem-me visita, como se fosse uma canção de ninar.
Só que em seu colo me sinto só
Essa companheira que chega e me machuca sem dó
Sinto que ela tem muita a me ensinar
Os meus s olhos enchem de lagrimas e na garganta um nó
Mas devo admitir que as vezes só queria ela não viesse me visita, assim sem dó
Daí penso, quem nessa vida quem, às vezes, não se sente só?
Assim sem avisar, ela chega e eu fico tão pequeninha que mais pareco um mendigo à mendigar
Então, me levanto, me enrolo num manto e saio a devagar
Olho para o canto e a vejo a me encarar
Sem dó
vejo a solidão em seu olhar

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Partida

Mais uma vez, lá vem de novo esse tal de futuro que vem e se abre aos meus pés. Esse tal futuro que nos conduz á uma amostra aleatória da vida. Esse tal futuro fruto das escolhas. Às vezes o futuro tem essa mania de nos surpreender. Andamos a passos largos, em acontecimentos curtos diante da vida. As pessoas se desesperam com medo do amanha, choram o hoje e se desespera com o presente. Eu já nem to nem aí para o tal futuro. O grande lance da vida é viver á passos largos os dias de hoje, para não sofre com curtos fatos do amanha – ou seja, hoje. Estou de mãos dadas com o hoje. Deixo as apreensões e pressões para aqueles que lhes fazem jus. Hoje acordei e quando vi já era o amanha de ontem. Fiquei surpresa, chegou tão rápido. Ele veio não com os passos do tempo, mas com a tinta da caneta que contorna o papel. Fiquei um tanto assustada, dormir no passado e acordei no futuro. Como pode ser assim? Ter o futuro diante de mim? Mas acho que poucas pessoas têm essa noção de está no futuro porque sofre tanto pensando que é o presente. Vejo um vai e vêm danado, as pessoas com olhos arregalados, num frenesi danado á espera de um gol aos quarenta e oito do segundo tempo. Tudo que se vê é uma bola na trave. Então os braços antes levantados e no rosto a expectativa do gol. Agora os braços descontraídos e olhos baixos, esperanças perdidas com fim dessa partida. Saem de peito estufado para fora para manter o orgulho, mas o coração vai pesado, com a nostalgia de um passado recente: o ontem, o hoje e futuro.