terça-feira, 15 de setembro de 2009

Caminhos

O que tem detrás daquele portão, das grades? Lá as luzes se ascendem e apagam sozinhas.Tudo é tão intrigante. Onde estão as chaves? Quem mora lá? Lá tudo é tão silencioso... As pessoas parecem felizes e tranqüilas.Todos os dias, passo em frente e fico pensando , imaginando como será lá. As grades são feitas de ferro bem firmes, pintado de preto. Tem sempre um senhor de cabelos brancos a espreitar pela janela, sempre em silêncio. Recentemente, descobrir que sou amante do silêncio. Acredito que o silêncio seja um refúgio, um lugar de conforto. È tão confortável fica escutando o tico e teço. Não ter que convencer ninguém de nada. È só pensar e pensar... Talvez não chegue a conclusão alguma, apenas exercitando um ato continuo: o pensar. Escrevo para transformar a tristeza em saudades, a solidão em lembranças. Às vezes, penso naquela casa que fica atrás do portão preto. Fico imaginando se lá tem muitas flores.... Ou jardim? Será que tem cachorro, pássaros? As pessoas que moram lá andam sempre com passos rápidos, com ar de serenidade. Fico pensando, do que se alimentam? Do alimentam a alma? De onde vem tanta calma? De onde vem tanta paz? No que acreditam?Certo dia, passei e acenei por senhor da janela que sorriu para mim. Aquele senhor de olhos vermelhos e cabelos brancos, sempre com um sorriso no canto dos lábios. Seguir, dali, o meu caminho, pensando nas voltas da vida- longa jornada cheia de bifurcações. A cada dia me assusto com a infinidade de possibilidades que me batem a porta. São tantas portas secretas que se abrem a minha frente... Em cada uma dela fico parada olhando, tentando imaginar o que tem detrás daquela porta. Caso eu abra e entre. Como fazer o caminho de volta? E se eu me perder? Tem gente que passa a vida inteira na sua zona de conforto, sem sair do seu mundo com o medo de se perder. De não conseguir o achar o caminho de volta. Eu ainda prefiro as mudanças... Penso nas portas que se abrem. De quem será que são as chaves? Quem são os donos? De são as chaves que abrem e fecham as portas?Se cada um de nós tem a chave que abre as portas de nossas vidas, por que muitos ainda estão parados diante da vida á espera que alguém dê as chaves que abram suas janelas secretas? Porque temem o desconhecido, porque é mais cômodo atribuir aos outros o peso de nossos esocolhar e fracassos? Se somos agentes de nossa historia, como pode o outro ter a chave que nos leva a felicidade? Não há por que temer o que tem por trás das janelas secretas, pois o caminho é feito ao andar.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

CAOS

Sobrevivendo ao oceano de emoções. Constantemente me assusto com as situações e emoções. Estranho as relações entre as pessoas. Estranho o fato das pessoas dormirem juntas, terem planos para o futuro... Se vêem todos os dias, dormem e acordam juntas. E quando o relacionamento acaba elas passam a ser estranhas. Estranho mais ainda o fato de num dia a pessoa ser estranha e desconhecida, no outro torna-se o centro da suas atenções. Depois com o fim do relacionamento são estranhas novamente. Fico pensando como deve ser nas cabeças das crianças quando os pais se separam. Coitadas!
Penso, ainda, no poder das pessoas sobre nossas vidas. Um dia desses estava abastecendo o carro, pensando na vida... O céu nublado. Em pleno meio dia. Quando sou brutalmente acordada dos meus sonhos e inquietações:
- fique quieta, o posto está sendo assaltado!
- Sério?Perguntei.
- Não encara, não encara, esbravejavam aos gritos
Nesse momento o coração bateu mais forte quase que saiu pela boca, comecei a rezar e pedi a Deus e Maria que intercedesse pela minha vida. Pensei que fosse alguma brincadeira de mau gosto, de alguém conhecido, mas eram estranhos.
Quando olhei, vi dois homens que mais pareciam adolescentes usando blusa de frio com capuz. As pernas finas, típicos de pessoas que passam fome na primeira infância. Sacaram as armas e apontaram para cabeça de uma moça tão novinha e maquiada que tinha acabado de pegar a chave do meu carro – a frentista em minha frente. E o mundo girava tão rápido na minha cabeça. Bateu o desespero procurei as chaves e nada. Queria fugir, no entanto a situação pedia calma e muito silencio. Agachei-me no banco do carro e só ouvir o disparo... Pensei está morta. Neste instante pensei, e chorei por tudo que vivi e não vivi. Pensei nas pessoas que amo, na falta que elas fazem. Na família. Nos amores, nos sabores e dissabores da vida. Vi-me pequena, indefessa e incapaz. Acredita que deu tempo para pensar na teoria do caos? E se eu tivesse saindo mais cedo ou mais tarde, pensei. Aquilo era o caos. E, eu era apenas mais um elemento da natureza, em disposição aleatória, sem nenhum poder. Um estranho a minha frente tinha o poder. Aquelas criaturas de gestos desconsertados e eufóricos. Comecei a senti certo formigamento percorrendo o corpo... Uma sensação de paralisia momentânea. Sentia e frio e calor ao mesmo tempo. Eu prisioneira daquele tempo... Perdi os sentidos.
- Toc, toc, toc... Eram as batidas no vidro do carro.
-Moça, moça, tudo bem? Eles já foram
- Teve disparos, mas era para intimidar,
- O que aconteceu?
- Eles levaram todo o dinheiro do posto, mas graças a Deus não feriu ninguém.
Sai dali com a sensação de impotência impregnada em minha mente. E tentando entender as coisas, aqueles homens estranhos e poderosos. Fiquei pensando o que eles tinham roubado? A “rotina que cuida do normal”? A paz de espírito? Pensei nos estranhos conhecidos que muitas vezes nos rouba a alma, a calma, alegria, o dia...